"NA CAMA NÃO SE FALA DE FILOSOFIA"

a(s) masculinidade(s) em Ela, de Rubem Fonseca

Autores

Palavras-chave:

estudos de gênero, masculinidades, rubem fonseca, literatura fonsequiana.

Resumo

A partir da compreensão de que os estudos de gênero também comportam – para além de temáticas do feminino, dos feminismos e da feminilidade – questões que envolvem a(s) masculinidade(s), conforme defende Rabelo (2010), o presente artigo objetiva discutir sobre conceito(s) de masculinidade(s) reconhecidos na narrativa Ela, de Rubem Fonseca, publicada pela primeira vez na coletânea de contos intitulada Ela e outras mulheres (2006), a fim de compreender representações de masculinidade(s) do narrador protagonista. Para a construção deste estudo, a fundamentação teórica se ancora tanto em pesquisas de Kimmel (1998) e Badinter (1993), quanto de Rabelo (2010), Bosi (1995) e Candido (1987), por meio de pesquisa de natureza qualitativa bibliográfica. Empreendidas as análises do texto literário, averiguou-se que o protagonista desempenha uma posição de dominador em relação ao ser feminino na cama. A ele, compete realizar o ato sexual; a ela, competem a passividade e o aceite de determinadas condições – a exemplo da mencionada por ele, ao defender que “na cama não se fala de filosofia” (Fonseca, 2015, p. 261). Desse modo, instaura-se, na narrativa, uma variante de masculinidade, de certo modo, violenta, pautada em relações de poder e responsável por configurar uma espécie de masculinidade que beira a misoginia, o preconceito e a ignorância, uma vez que a macheza é colocada em foco para que o protagonista seja visto como símbolo, provavelmente, de ‘macho’/homem com H maiúsculo, segundo defesa de certos ideais ainda em vigor na sociedade contemporânea.

Biografia do Autor

Rian Lucas da Silva, IFMG

Graduado no curso de Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB); pós-graduado em Linguagens, suas tecnologias e o mundo do trabalho pela Universidade Federal do Piauí (UFPI); pós-graduando em Docência com ênfase na Educação Básica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG). 

Girlene Marques Formiga, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba - IFPB

Licenciada, Mestre e Doutora em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. Professora titular do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. É docente na Licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica. Líder do grupo de pesquisa LLEF - Leitura, Literatura, Ensino e processos formativos (CNPq/IFPB) contribuindo com as seguintes linhas de pesquisa: Leitura e Ensino de Literatura e Novas tecnologias da informação e comunicação nas práticas educativas.

Referências

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Publicado

2023-11-24

Como Citar

SILVA, R. L. da; FORMIGA, G. M. "NA CAMA NÃO SE FALA DE FILOSOFIA": a(s) masculinidade(s) em Ela, de Rubem Fonseca. Anais do Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, [S. l.], v. 11, n. 1, 2023. Disponível em: https://ciltec.textolivre.pro.br/index.php/CILTecOnline/article/view/1119. Acesso em: 30 set. 2024.