SILENCIAMENTO PROVOCADO

COMO A ESCOLARIDADE BRASILEIRA REFORÇA CONCEPÇÕES RACISTAS AOS POVOS INDÍGENAS?

Autores/as

  • Renan Torres UENF

Palabras clave:

povos indígenas, racismo, ensino, história, conscientização

Resumen

Este resumo é parte da pesquisa desenvolvida pelo autor, na proposição de problematizar assuntos que ampliem o debate sobre a questão indígena e o ensino da temática na sala de aula. Os indígenas brasileiros sofrem racismo? Evidentemente que sim, a começar pela terminologia “índio”. Essa expressão, reproduzida socialmente com frequência, traz, deleteriamente, traços fortes desta prática. O termo índio, utilizado para descrever os nativos brasileiros, representa um equívoco, pois reduz toda a diversidade étnica de mais 300 povos, falantes de mais de 270 línguas e que compreende um contingente populacional de aproximadamente um milhão de habitantes, a apenas uma e de maneira esteticamente e culturalmente padronizada. Além disso, esse termo foi criado pelos europeus que, atracaram no Brasil em 1500. E os colonizadores, ao penetrarem o solo brasileiro, passaram a encobrir essas diversidades, considerando essas populações atrasadas, primitivas – desenvolvendo, na prática, diversas tecnologias etnocêntricas. Neste momento, era corriqueiro ouvir os indígenas sendo classificados como “castas de gentios”, “bárbaros”, dentre outros. Inicialmente, por meio da religião católica, os jesuítas eram incumbidos, neste processo, de “salvar os índios”, que eram batizados e catequizados, adquirindo, de modo impositivo, os costumes e hábitos da civilização ocidental. Ao longo da história, inúmeras terras foram expropriadas, aldeias inteiras foram destruídas, inúmeras doenças disseminadas e a justificativa principal para justificar o etnocídio baseava-se na ideia que esses configuravam a necessidade de aculturarem-se e, paralelamente a isto, representavam um atraso ao projeto histórico de modernização nacional. No descortinar do século XIX – auge do período científico – houve o florescimento de diversas teorias pseudocientíficas relacionadas a questão racial, que no Brasil fomentaram uma série de influências ao pensamento social acerca dos negros e, também, aos povos originários. O pessimismo da ciência fundamentou um tipo de pensamento que fez com que os índios constituíssem uma raça em vias de extinção, evidenciando um pensamento objetificado e animalesco a estes povos. Esta visão teve propagação expressiva, sendo representada em diversos veículos como a imprensa, a arte, literatura e até por órgãos e documentos oficiais. A violência hoje, além de física, é sobretudo simbólica. As ideias racistas estão enraizadas no tecido social, que, produz e reproduz visões e versões racistas aos indígenas, de maneira até inconsciente: nos livros didáticos, com enfoque no passado e na ideia de ficção; em muitas escolas, pela folclorização do dia 19 de abril. Todavia, mesmo diante de tal cenário, é preciso (re)conhecer os problemas enfrentados, combater os preconceitos, compreender as diversidades e promover o respeito às culturas. Aliado à ideia de educação patrimonial, a ressignificação e reconstrução das identidades e sua relação com a cultura indígena de forma analítica, crítica, reflexiva e transformadora é um instrumento eficaz no desenvolvimento de práticas cidadãs.

Biografía del autor/a

Renan Torres, UENF

Sociólogo pela UENF, professor de Filosofia e Sociologia e pesquisador da temática indígena.

Citas

PEREIRA, R, T, S. Patrimônio Cultural e povos indígenas: desconstruindo equívocos e estereótipos na sala de aula. In: Teixeira, Simonne (Org.). ll. Torres, Wagner Nobrega (Org.). lll. Santos, Aline Portilho dos (Org.). Educação patrimonial: abordagens e atividades educativas com os patrimônios [recurso eletrônico] – 1 ed. – Campos dos Goytacazes, RJ: EdUENF, 2021.

Publicado

2021-11-24

Cómo citar

TORRES, R. SILENCIAMENTO PROVOCADO: COMO A ESCOLARIDADE BRASILEIRA REFORÇA CONCEPÇÕES RACISTAS AOS POVOS INDÍGENAS?. Anais do Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, [S. l.], v. 10, n. 1, 2021. Disponível em: https://ciltec.textolivre.pro.br/index.php/CILTecOnline/article/view/986. Acesso em: 30 sep. 2024.