FAKE NEWS E COVID-19

MOSAICO DE EMOÇÕES POR MEIO DA MANIPULAÇÃO DOS FATOS

Abstract

O ano de 2020 foi marcado por vários acontecimentos na sociedade brasileira, porém, o episódio mais relevante, sem dúvida, é a pandemia causada pela Covid-19. Com ela, além do caleidoscópio de emoções, é preciso lidar com as fake news disparadas não apenas pelos cidadãos comuns, mas, principalmente, por políticos mal-intencionados. Conforme Zembylas (2005), as emoções funcionam como práticas discursivas e estas desempenham um papel importante nas relações de poder que são estabelecidas pelas estruturas sociais. Ademais, é preciso pensar no controle das emoções por essas estruturas, pois com isso, é possível criar e recriar um imaginário e, assim, moldar os comportamentos, as atitudes, os hábitos e as emoções das pessoas. De acordo com Fairclough (1999), as relações de dominação promovidas pelas hegemonias são sustentadas antes no consenso do que da força/coerção, pois assim ocorre a naturalização das práticas e relações sociais para a permanência das articulações fundamentada no poder. Nesse sentido, este artigo visa investigar como as fake news sobre o medicamento hidroxicloroquina, produzidas pelo grupo de apoiadores (conhecido, popularmente como gabinete do ódio) do presidente Jair Bolsonaro, são elaborados para manipular as emoções dos cidadãos brasileiros no contexto de pandemia. Para isso, selecionamos 4 postagens sendo 2 delas compartilhadas por robôs e 2 no Twitter do presidente da república, tudo articulado pelo gabinete do ódio. O recorte temporal foi entre março e maio de 2020, período em que vários relatos idênticos estavam invadindo as redes sociais mais acessadas.